Poemas : 

"O Som que os versos fazem ao abrir"*

 
"Mal penso, logo existo

Assim existo. Porque penso
mal, já que pensar que sim
em negação
é forma de negar
inevitável conta de hospital
após doença longa em quarto
a flores.
[E todavia, às vezes,
bem no fundo
do bolso:
cristalizado mundo.
Minúsculo berlinde
a cores."

Ana Luísa Amaral

* Na Antena 2, programa onde a poetisa participava com encanto.


Zita Viegas















 
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Enviado por Tópico
Rogério Beça
Publicado: 06/08/2022 22:12  Atualizado: 06/08/2022 22:12
Usuário desde: 06/11/2007
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Mensagens: 2123
 Re: "O Som que os versos fazem ao abrir"*
Bem hajas pela lembrança e pela merecida homenagem.
A morte é sempre o fim dos poemas...

Abraço.


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 24/11/2022 10:47  Atualizado: 21/12/2022 10:53
 :)
.

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 08/03/2023 10:00  Atualizado: 08/03/2023 12:47
 E o mestre sacode a batuta






O maestro sacode a batuta,

E lânguida e triste a música rompe...
Lembra-me a minha infância, aquele dia
Em que eu brincava ao pé dum muro de quintal
Atirando-lhe com uma bola que tinha dum lado
O deslizar dum cão verde, e do outro lado
Um cavalo azul a correr com um jockey amarelo...
Prossegue a música, e eis na minha infância
De repente entre mim e o maestro, muro branco,
Vai e vem a bola, ora um cão verde,
Ora um cavalo azul com um jockey amarelo...
Todo o teatro é o meu quintal, a minha infância
Está em todos os lugares, e a bola vem a tocar música
Uma música triste e vaga que passeia no meu quintal
Vestida de cão verde tornando-se jockey amarelo...
(Tão rápida gira a bola entre mim e os músicos...)
Atiro-a de encontro à minha infância e ela
Atravessa o teatro todo que está aos meus pés
A brincar com um jockey amarelo e um cão verde
E um cavalo azul que aparece por cima do muro
Do meu quintal... E a música atira com bolas
À minha infância... E o muro do quintal é feito de gestos
De batuta e rotações confusas de cães verdes
E cavalos azuis e jockeys amarelos...
Tod'o teatro é um muro branco de música
Por onde um cão verde corre atrás da minha saudade
Da minha infância, cavalo azul com um jockey amarelo...