doem-me os pés quando fabrico passos,
como se deles só houvesse ossos
raspados pela pedra na procura de descanso.
dir-me-ia nu e descalço
se não me conhecesse o tutano...
esse é teimoso e não permite o engano.
assim, cá vou por caminhos falsos
pejados de cruzes e percalços
vislumbrando o horizonte baço
resumido um engano crasso
mas, tão evidente, tão pouco urbano
como nebulado, sujo e, no fundo, ufano
mas doem-me os pés e rio a espaços.
coisas de equilíbrios e juízos escassos
quando se quer uvas onde só há engaço...
triste o fito inquinado de fracasso
em tal demanda natural do humano,
toda torta e carregada de ventoso abano
despeço-me dos pés doídos e madraços
desfazendo-os, com as pedras, em pedaços
enquanto me sento à espera do abraço
que me desenhe com o torto traço
de arquiteto moribundo e decano...
não vem, aguardo e não vem… tirano!
Valdevinoxis (27/07/2022)
A boa convivência não é uma questão de tolerância.