Descendo as ladeiras de um morro sombrio
Vejo jovens se drogando e sorrindo, dormindo
Anestesiados em seus próprios quadrados, quadros de pixels
Enquanto os vilões da história deleitam-se em lagosta e vinho
Pagos com o produto do furto do suor dos mais humildes
Cena triste, a realidade que deprime
Os contos das séries e novelas que corrompem neurônios
Cliques suprimiram a percepção de perceber o que é real e importa
Drogas a anestesiar qualquer sentido, algoritmo, repetido
Adestrar em servos fiéis para idolatrar mentirosos preguiçosos
Que falam o conveniente e praticam o inconveniente
Nenhum deles importam-se contigo, oh amigo
Outro dia de labuta surge para quem consegue labutar
Derramar o tempo de vida feito um tempero de comida
Para ser devorada por um conjunto de parasitas
Em um mecanismo projetado pelos que possuem a máquina de imprimir
E a todo o fruto de tua poupança destruir
O tempo que roubará o teu tempo e te dirá que só tens a ganhar
Terminada a descida, no caminho vejo caminhar um povo sofrido
Ausência de brilho no olhar e objetivo, cada vez mais ferido
Não compreende a verdade, e não cobra por verdade
Apáticos, por ensinamento, desde o início condicionados
E não, ou talvez tenhamos trilhado o melhor caminho
A nossa própria natureza é que comanda nosso destino
Clamo eu, apague esse cigarro de ilusões
Mesmo que eles se ponham a dizer ser bom
Eis teu vizinho,companheiro,não inimigo
Mesmo que ele tenha cabelo colorido, te digo
A fome é a mesma no estômago de um faminto
Eis a hora do despertar, jaz o mundo em desatino
A sofrer estou neste jogo sem regras ou destino
Manda o mais corrupto, obedece o mais justo e padece o bom
Não há verdade no poder humano
Tão somente a sujeição de muitos
Áqueles que tomam tudo a força, mentem e culpam fantasmas