No silêncio da noite vem a sina dos amantes
Derramada num céu cor chumbo de tristeza
O tempo evanesce o que a memória guardou
Esse amor tão cristalino, amor de esperança
Eu apostei que viveria por toda a eternidade
Quiçá seja obra do destino e o amor morreu
Mas a noite adianta e a manhã vem vitoriosa
Abriga-me sob suas asas de um azul intocado
Ornado de duas nuvens brancas desgarradas
Ouço frases profundas que buscam consolar
Mas são só palavras despejadas dessas bocas
Essas palavras sem cor, da espera inesperada
Em troca do beijo tão cobiçado que não veio
Deitando o nome da bela amada, letra a letra
Nas palavras tocadas por razões improváveis
No frio do mármore a esperança desmantela
A poesia é amor deitado no desdém do papel
Onde se apostou pela vida, contra o destino
A última cartada contra a dor o azul vencerá