Gritam no meu cérebro
Lancinantes dores dos outros
Que posso eu fazer?
Que adianta carregar
As dores que os outros
Nos apresentam no sorriso do dia-a-dia.
Se se calam
São as nossas tão distantes,
Tão próximas.
E já não é o vácuo,
É a parte que vai para lá,
Absorvedor de vida.
Levas de uma toma quase completa
O que foste poupando no correr do tempo.
Afunda-se mais o sugar violento
Da impotência. De que sirvo ali?
Presença apenas.
Talvez te chegue
O amor dessa presença
Que clama ser criança
E visitar a Estrela
Cheia de estrelas,
Pedaços de Luz
Tão simples, tão potentes.
Eu quero disputar
O lugar que um anjo
Preenche agora.
Lá, com asas nascidas,
Vou-te envolver no aconchego
De um abraço
De asas analgésicas:
Esconderia apenas
Essas feridas dores
E quase gangrenas,
De ti.
Também a tua dôr se transformaria
E apresentar-se-ia no sorrir do dia-a-dia.
27/04/2008