Sem capitão nem timoneiro
vou permanecer atracada ao cais da alma
longe dos velhos do restelo e dos virgens embarcadiços
já mudei o ancoradouro
fundeei o coração
além das ondas mais bravas
agora
só volto ao alto mar
quando tiver a certeza
de velejar
na direção das
doces águas
do teu olhar
Dar um nó de asas
quando criança
apanhei um pardal
que tinha entrado
numa caixa de papelão
por confusão …
levei-o para casa
pus o dentro
da gaiola mais bonita
que comprei na loja …
passado uma semana
ele morreu
de tristeza
aquele pardal
teve o azar
de conhecer-me
queria tanto proteger aquele pássaro
com apreço e com um chegado apego
mas a ave
apenas precisava
do cuidado da liberdade