vejo as persianas do teu quarto
a espreguiçarem-se
nas madrugadas
estoiradas
passando o turno das manhãs
o duplo vidro do olhar
enoita
ainda
ou outro lado
da janela
privando
os olhos de destaparem
a seda da camisa
que abotoam os desenhos
da tua pele [adormecida)
ai … aquele cortinado tão amigo do vento
inimigo do sentimento
só confunde a pressa
de celebrar
com o olhar
a tua beleza
de mulher
“flaminga”