Depois daquela noite, guardei meu medo nas gavetas
Juntamente com todas loucas coisas, pranto e vozes
Desvesti o incômodo dos segredos e olhei a paisagem
Liberto da umidade antiga que usava vestir nos olhos
Desabotoei o lume da manhã, bebi palavras sem nexo
Afastei o rosto das criaturas que rastejam no escuro
Para estreitar as longitudes de um céu mais luminoso
Ainda sinto o cheiro do escuro vir arranhando a hora
Ah, como caminhei na noite deserdado de esperança
Tentando encontrar os castelos que dantes construí
Perdidos debaixo do véu de nuvens de toda ausência
Caminhei por essas ausências embriagado de insônias
No coração de madrugadas já impregnadas do cristal
Que anuncia as manhãs e sufoca as lágrimas solitárias
Caminhei nos espaços da alma entre as coisas íntimas
Os espelhos do semblante, dores dos idos da infância
Que asilam no peito vazio, a imagem do primeiro amor
Silenciei os tambores do desejo desnudado de ilusões
Para neste enredo obstar tudo que afaste meu canto