Choro lágrimas ocultas, pelas crianças da noite, violadas
Atrás dos muros da cidade banhados de palavras inúteis
Nos desenhos multicores, pétalas de rosas desgrenhadas
A mulher sorri o seu sorriso tinto de soluços amarelados
Choro lágrimas ocultas que ninguém mais além de mim vê
Meu cabelo despenteado é todo igual ao de meus mortos
No rumo do exílio onde se quedam estrelas arrependidas
Na coragem de ousar os últimos sorrisos aos caminhantes
Choro lágrimas ocultas e meus olhos apontam o perpetuo
Dou adeus à carne da qual me despeço no suor da ilusão
Jogo camélias às jovens putas deserdadas de sol e de luar
Pelas humilhações que devem viver no tapete de ajoelhar
Choro lágrimas ocultas, mas não preciso chorem por mim
Sou o senhor da insônia entre o apocalipse e a primavera
Onde tolas aranhas tecem seus véus ao sopro do silêncio
Na noite que ergue-se em súplica a quem não chora mais