Subíamos a avenida
imensidão de luz coada
pelos fascínios que o outono trazia.
E dentro das mãos
levávamos melodias.
Em redor
o silêncio
a ilusão da paisagem deserta.
Atravessámos a invernia
a chuva abundante
horas somadas de relâmpagos
e a linguagem dos teus olhos
que
por dentro
eu vivia.
Mas abril descia
a luz imensa descia
e desciam as melodias
águas mil
instantes de ventos
e ecos a sobrarem da vida que caía
dos aromas da inocência.
O tempo a ir
dias atrás de outros dias
e tu a ficares
memória
poema interrompido.
Instantes de ventos
águas mil
a regressarem ao coração do silêncio.