Meu poema não nasce do refletido propósito de escrevê-lo
Penso que vem do inconsciente ou uma voz sobre o ombro
Isso que imagino a caminhar na multidão entre caras, seios
Pessoas de ida, outras de regresso em toda a inconsciência
Quais tolas marionetes, inscientes das linhas que as movem
Agitadas por misteriosas mãos, dotadas de dedos invisíveis
Caminham crendo-se homens e mulheres, brancos e negros
Mas todos estúpidos, pois nada disso existe e nem importa
Nem sei se é assim, posto não tenho os dicionários da vida
Mas sei ser melhor vivessem com consciência e solidariedade
Na minha pretenciosa visão já no crepúsculo de minha vida
As ruas são páginas de livro, do qual extraio umas palavras
Para ordená-las em sequências que ouso chamar de versos
Que não são nenhuma profecia e nem o que aparentam ser
Mas signos cujo senso agrupados, não é o que têm isolados
Por vezes chego a crer eu seja um cego falando da paisagem
Sem saber se de fato abalizo o que passa atrás das vidraças
Imagino, assim, que tangencio tão-só a superfície das coisas
E esses poemas nem são sobre mim que exprimem ou falam
Somente lhes dou a cor e forma, pois o show deve continuar
Trago então as sombras deste fruto de minha humanidade
A angústia de imaginar-me só ilusão entre tanta gente real