Não quero levantar-me
Até acordei no horário rotineiro
Mas não sinto vontade levantar do meu leito
Não vejo motivo para isso
Tudo é tão corriqueiro
E, com certeza, a roda irá girar novamente
Como fez ontem e anteontem
E antes de anteontem.
No círculo infinito da vida
Nada é novo debaixo do sol
A Terra gira sempre na mesma rotação
E não vejo nada mudar
Nem mesmo os imbecis que rodam o meu caminho
E eu só queria respirar um pouco
Mas sou sufocado pela fumaça de cigarro
Quando nunca coloquei um em minha boca
E não posso fazer nada contra isso
Quem poderá me defender?
Insatisfação
É isso que posso chamar dessa inquietação na alma
Uma saudades do tempo que passou
Incerteza do tempo que virá, se vier algum dia
Ou apenas uma tristeza sem sentido algum
Porque simplesmente nada está bom
E quem sou eu para lutar contra isso?
O sol bate na janela
A claridade invade o quarto
É como se dissesse para me levantar
Porque a vida não para e se eu ficar parado
Posso ser atropelado pela correria da manada.
Se não posso fazer nada
De que me adianta essa minha insatisfação?
Poema: Odair José, Poeta Cacerense