Me pego pensando
Na lida que tenho
Nas folhas caindo
Partindo ao vento.
Meus filhos crescendo
A vida esvaindo
A morte surgindo
A todo momento.
É sol que desponta
Estrelas nascendo
Mal chega o domingo
Vem vindo setembro.
Segunda de novo
De novo novembro
É tanto janeiro
Que eu nem mais me lembro.
Inverno, verão
Dezasseis, dezassete
A vida passando
Em TV, internet...
Infância perdida
A morte encontrada
Eu pulo da ponte
Na fonte do nada.
Então eu me pego
Pensando, calado:
"É tanto futuro
Prevendo o passado!"
E fico pensando
"Onde quero estar?
No cume do morro
Ou no fundo do mar?"
E fico pensando
Do lado do cá:
"Se o copo é de vidro
De fácil quebrar
De que me adianta
Minh'alma de planta
Se o casco do corpo
Morto não está?"
Se um dia eu pudesse
Colher num jardim
Um beijo de boca
Borrado em nanquim,
Daria um mergulho
Cá dentro de mim
Ouvindo o barulho
Do verso no.. fim!
Gyl Ferrys