Poemas : 

Quero

 
Quero aquele espaço de ardil
Aquele estratagema de real importância
Aquela ideia de que está tudo bem assim...

Mas não está

Quero ser algo no teu jardim
Aquela erva daninha sem espinhos
Mas que está disposta a rasgar algo

Mas não dá

Quero ser objeto objetado
A pedra no teu lindo sapato
Afligir teu aparente sossego

Mas não posso

Quero ver se me liberto
Ver se me desprego
Quero andar nu por aí

Mas tudo eu quero e mais

Quero amar devidamente
Ser teu pilar de sustento
Quero ser tu para ti...

Assim

E só o que eu quero simplesmente
É não querer nada por obrigação
É seguir os nossos sonhos com ideias

Fazer de mim obra prima para ti

Olá! Comentários são sempre bem-vindos.
 
Autor
Neofragmentação
 
Texto
Data
Leituras
531
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
1 pontos
1
0
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
Alemtagus
Publicado: 01/06/2022 21:25  Atualizado: 01/06/2022 21:25
Membro de honra
Usuário desde: 24/12/2006
Localidade: Montemor-o-Novo
Mensagens: 3408
 Re: Quero
Entre o querer e o poder, o ter e o ser, vai um mundo de distância. Diria que este texto chega ao ponto de mostrar uma obsessão doentia (perdoa-me a expressão) do ego, é narcisista. O outro nunca é outro, mas sim o próprio noutra pele. A alegoria do espelho, de tanto olharmos a imagem que lá se encontra chegamos a confundi-la connosco.
O ardil e o estratagema são sinónimos, mas se com este reforço está tudo bem (aqui está o espelho) sem estar o autor joga no contraditório. Ser mau sem fazer mal. Um caso de estudo que chega a ser cómico ou divertido mercê da loucura expressa.
Essência. Querer ser o desconhecido.
A alegoria do espelho é a minha teoria da conspiração inacabada. Mas convido a ler a "Alegoria da Caverna de Platão" e a explorar as ideias que daí se retiram.