O silêncio poisa
confuso
no sobressalto
das aves. Ouço-lhe os gemidos
escuros e frios
entranhados na chuva
e no vento.
Demora-se
na obliquidade da noite
como se tivesse medo
de se render
por detrás da incerteza das palavras.
Desafia os espaços vazios
que os meus olhos projetam
nas paredes da sala
ou as sombras
que o meu corpo vai deixando
na melancolia do tempo.
Dentro de mim
o silêncio. Não sei se na íntima palidez do horizonte
ou no choro dormente
de um significado primordial
a deslizar-me por entre os dedos.