Ergo-me até às nuvens
sobre as asas fixas a um corpo
de uma ponta a outra, sobre o mar
sinto-te infinitude
nas asas do pensamento, penso-te febril
essas mãos…essas mãos lembram-me ternura e paz
plenitude suprema.
Se ao menos conhecesses todas as canções que eu conheço?
Há uma floresta escondida no meu olhar
e quando os teus lábios tocaram os meus
iniciaste um incendio
calcinaste todas as indecisões vigentes
e de mim as labaredas se ergueram
em todos os minutos que me juntaram a ti
e lá onde o fumo branco se elevou
metamorfoseei-me
A taquicardia e o medo invadem-me
falta-me a terra, o voo segue o seu destino tremulo
por cima das nuvens, juntinho ao céu azul, somos nada
mas nesse momento
o meu nada és tu, por baixo das nuvens, sob os meus pés parados
e a tranquilidade abraça-me
na plenitude de ser tua e na simplicidade das palavras
escrevo-te, liberta sobre o mar
Escrito a 24/03/22