Construo todas as casas pelo telhado,
os alicerces
mais próximos do céu
Telha a telha
sigo,
uma placa de betão para o tecto,
cimento a areia de rio.
Em cada tijolo
acho uma parede, uso um batido nível
pra não parecer torta.
Depois escavo fundo fundamentos
plenos de vigas, do betão
que dirá o meu nome na lápide porvir.
Por fim,
encho de luz e de janelas,
azulejo os muros
e o chão
a porta aberta.
Sou fiel ao ardor,
amo esta espécie de verão
que de longe me vem morrer às mãos
e juro que ao fazer da palavra
morada do silêncio
não há outra razão.
Eugénio de Andrade
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