é outra a paisagem
onde repousam os teus olhos
ao fim da tarde
e outra a vontade que escuta os murmúrios
do vento por entre
os caniçais.
olho esta
atenta
a compota descansa
sobre a mesa, ‘inda aberta,
a toalha em renda antiga
branca
a eira e o linho
em braçados d’anil
o jarro cheio
[o cheiro … o cheiro]
um palmo de água parada, inodora,
incolor
e o puro a transbordar dalgum lugar.
sento-me flor hipnotizada
seduzida em forma impura de mim própria
de sentidos alheios
em ondas largas, balanço a cadeira, os bolsos
cheios de sonhos
em utopia de cor turquesa
embalo-me no balanceamento
das searas líquidas e das ancas
(as tuas mãos aqui e o vento quente nos meus seios).
a ceifa
pendular a cabeça descai
na gota a escorrer
a face oculta
oiço os batuques
os sons provindos das tabicas
as tairocas varinas as saias rodadas
as saias de chita atadas por entre pernas
das campesinas.
é outra a paisagem
inclino-me lenta
por sobre a tua boca equina. sorvo-a gomo a gomo
numa bebedeira de dor
laranja pousada sobre a mesa
espada de espadachim
bebo-a na sede de ter sede de ti. e tu de mim…
amarelada
na solidão tecida a toalha chama a luz do sol e dança…
é outra a paisagem
em que t’afundas em lagoas de carne ausente.
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