Enquanto as árvores poetavam
Os gatos faziam jardins em luas
E nas noites de Lua cheia (ou vazia)
Os Homens faziam outros homens
(Ou mulheres) com outras mulheres.
Embaixo de uma pedra havia azul
E no canteiro celestial, no chão do céu, havia uma flor.
No céu do chão uma estrela nascia
Da forma como nascem as pereiras
E as romãs, as amoreiras e as maçãs.
Uma serpente feita de pedra e pó
Rasteja silente entre galhos cantantes
Deixando um rastro de cometa parido
Pelo caminho que tinha alma de janela.
Ondas levadas e brincalhonas vêm
E vão em forma de balão ou cascata
Nas casas-matas, nas cercas-vivas,
À meia-noite, à meia-luz, a meio metro,
Deixando um olhar de lenha ao fogão
Na imaginação do leitor assíduo e assaz.
Eu, Poema, poemo em tu.
Tu, Poema, poemas em mim.
E assim nós, Poemas, poetas,
poemamamos o verbo em si,
A verve poética,
A verborrágica
Escatológica
Hemorrágica
Melancólica
Ira amorosa
Amor e rosa
Desde que seja
Verbo, verve
Nostálgica
Verborrágica.
Do barro sujo foi que nasceu o caramujo.
Dentro do jarro grego tinha um segredo.
Embaixo do lençol nebuloso, um sol,
Um universo de versos feitos, enfim,
Dentro do poema havia um pouco mais de.. mim!
Gyl Ferrys