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Enviado por | Tópico |
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Esqueci | Publicado: 22/04/2022 13:00 Atualizado: 22/04/2022 13:00 |
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Re: Muros
Já o tinha lido em tempos. Muito triste, de uma
Inigualável forma de escrever. Parabéns. Abraço |
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Enviado por | Tópico |
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Rogério Beça | Publicado: 23/04/2022 05:18 Atualizado: 24/04/2022 05:09 |
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Re: Muros
E eu diria, também, “omnipotentes”
Quando escolhemos publicar, seja em que formato for, on-line ou em papel (etc) podemos (devemos?) ter o cuidado de apresentar um certo esmero. Apresentar o nosso melhor, isto é. Sempre é a nossa assinatura. Se vamos ser vistos (lidos), convém não ir à rua de pijama... E o que eu noto na escrita deste autor é essa tendência para o esmero. Aqui não há lugar para o pouco, o displicente, ou o fraco. Depois, entre a forma e o conteúdo, há o bom e o excelente. Aqui, para mim, estamos muito perto do excelente. Deviam chover comentários e favoritos. A questão da descodificação das metáforas, do enigma que, amiúde parece falta de clareza, ao olhar da preguiça, tem muito que se lhe diga. Mas um breve “está lindo mas não percebi nada” seria condição mínima para este poema. É a minha opinião, e ela vale o que cada um achar. Para começar, a opção de fazer a centralização do texto despedaça o habitual. E habilmente divide em dois a página. Portanto o título “Muros” é feito, logo, na mancha gráfica. Um muro é, literalmente, uma divisão duma área, duma superfície. A divisão pode ser uma di-visão. Onde viamos um, vemos dois. Há menos, mas há para mais (pessoas). Um muro pode ser motivo de concórdia, ou de discussão. Os muros podem dar segurança (eu até gosto, sobretudo de montanhas) ou tirar a vista. Podem ser naturais, mas imageticamente penso automaticamente em tijolos empilhados com cimento, sem reboco. E os tijolos serem aquelas figuras geométricas rudes e friáveis que acabam por fazer as paredes e o esqueleto dos edifícios. Com quatro muros unidos entre si (em ângulos de 90 graus) temos algo cada vez mais raro, hoje em dia, a privacidade. Nem é preciso o quinto muro (gosto de pensar no tecto como muro). Apesar de ser um conceito, cada vez mais, mal visto, a mim ainda me agrada muito o meu direito ao privado. Aos meus pecados pessoais e intransmissíveis. Ainda uma referência à Alice (no País das Maravilhas), e o seu Ovo a passear no Muro, e o seu equilibrismo, sempre tão próximo de pôr o fim à vida. Os Muros são, também, organização. Uma forma básica de racionalizar o espaço. Tem tanto de poético, como de impoético. Tanto haveria a dizer e ainda nem saí do título e de como o poema parece um muro a dividir a página em dois lados, o direito e o esquerdo, o destro e o sinistro. Começa o poema dum modo sonoro nos dois primeiros versos: “A voz do trompete a gemer na dormência da luz...” E estranho o espaçamento entre versos. Há uma letargia, também na forma. O gemido é uma expressão que vai do prazer à dor. O “...trompete...” é um dos metais mais gritantes, imageticamente parece entrarmos num jazz, com muito pouco de improviso. A “...voz...” é uma das palavras mais curtas e com mais impacto poético que conheço. Toda ela é significação de verbo, de palavra, mas dum modo muito reduzido e tem uma vogal aberta que carece de acento (adoro). O segundo verso refere a luz dormente. Estamos num ambiente terrivelmente obscuro. E o estranho que é (frágil até) um grito no escuro. Os versos seguintes referem a fonte da escuridão: “...Poderá ser o grito da loucura a revolta da dor contra a inclemência do caos universal a trancar o tempo da utopia...” Sem ser uma verdadeira suposição como o verbo “poderá” implica, as palavras (vozes?) utilizadas são fluídas e cuidadas. E não há como não referir que, na actualidade, o “...caos...” parece reinar, em que tudo parece ser possível e admissível, e as crescentes faltas de respeito pessoal e social, são patentes, e impunes. Essa “...dor contra...”, é uma dor valente. E a “...utopia...”, o sonho, o motor dos poetas não se pode “...trancar...”. Os próximos versos são de um lirismo impressionante: “...Dir-se-ia uma epifania amarrotada um silêncio náufrago cúmplice da salvação sem farol...” O espaçamento entre versos leva, talvez, à reflexão... A associação do “...náufrago...” ao “..farol...” é um dos pontos mais altos deste poema, porque encaminha-nos para as referências marítimas que vão surgir e é uma metáfora bem feita. Uma “salvação sem farol...” está condenada. O "...farol..." é um dos símbolos da esperança. Ponto de luz, que indica o caminho mais seguro a seguir. O “...silêncio...” pode ser opção ou imposição, em todo o caso pode ser um término, uma metáfora para morte, fim. O clima obscuro continua. O sujeito poético está contudo numa demanda. Que se lê, no trompete, por exemplo. O mote directo para essa demanda, parece urgir nos seguintes versos: “...num lamento de sangue partilhado evocam fantasmas e demónios...” E, não consigo deixar de associar tudo isto à maldição da guerra. O "...sangue partilhado..." sai das veias. E das artérias. E das bombas e da carnificina. Um poema de antologia, este. Abraço, irmã |
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Enviado por | Tópico |
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Alemtagus | Publicado: 26/08/2023 10:40 Atualizado: 26/08/2023 10:40 |
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Re: Muros
Um pedaço de Jazz.
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