Será mesmo que temos escolhas Ou tudo já foi escolhido antecipadamente E somos apenas induzidos a acreditar nas falácias De que a escolha é nossa E as consequências também.
E se dissessem que este não é o caminho Que andamos a ermo e nem mesmo sabemos para onde estamos indo Porque nunca saímos do mesmo lugar onde sempre estivemos Que tudo não passava de sonhos que nunca foram sonhados?
Já pensou que quando você acredita Que está subindo as escadas Na verdade não existe escada nenhuma e é tudo fruto da sua imaginação Que não passa de uma construção metafórica Ondulações de mares que sucumbiram na escuridão?
Canções de marasmos Versos rasgados pelo chão em folhas levadas pelo vento Palavras que se perdem na imensidão De uma ignóbil solidão atroz de oradores medíocres E alguém grita na multidão: Que se calem todas as vozes!
Talvez o destino seja apenas as cores desbotadas nas paredes O som estridente em suas têmporas atrofiadas Desejos de pessoas atordoadas com a temporalidade Loucos desvairados em suas máquinas desenfreadas Pelas ruas agitadas das grandes cidades E ninguém liga para o que acontece com você.
Será mesmo que eu escolhi levantar hoje cedo Trabalhar o dia todo E nem mesmo saber o que aconteceu nas trilhas das formigas Que carregavam folhas no portão da minha casa?
Se existe uma escolha para o viver Diga-me onde estava nos momentos em que desejava estar aqui E não sabes o que aconteceu ontem a noite Porque ouviu alguém esbaforido gritando a todos pulmões: Que se calem todas as vozes!