Estremece à incerteza das águas
no soluço dos poentes.
Pouco sabe dos segredos de cada hora
ou da geografia irrecuperável do derradeiro sol.
Asas voláteis navegam-lhe as veias
e na brevidade dos dias escorre uma lava
acesa de palavras.
Vozes e cinzas permanecem inteiras
ainda que sejam efémeras
as sementes que lhe vivem no olhar.
Secam-lhe as árvores
no voo transitório das brisas
de uma janela de mar.
Acostada ao tempo
é um vulto
um silêncio retraído
a febre que dói
na soleira do precipício em que em sede se afoga.