Do fundo da gaveta
Canto sem arte:
Canto no chuveiro.
sem parar de imaginar-te
e canto em sonho a amar-te
como se fosse último ou o primeiro.
Canto em sonho,
sonho infecundo,
e como teu amante
cantar-te-ei amor
no outro mundo
ainda que pecador
ou espírito errante.
Canto, pois cantar é males espantar
e sem razão para o canto eu espanto
a falta d'amor capaz de m'aniquilar
afogado num sincero pranto.
Melhor morrer, se viver for na apatia e dor,
mas se morrer for com esta tristeza
que eu renasça apenas na certeza
de vir a ter um grande amor.
Não sou poeta mas, quem sabe, um dia escreverei
um texto que (pela persistência e sorte) possa ser lido como poema