Poemas : 

Daltônico

 
Lembra aquele dia
em que rimos de nós
ao desatar certos nós?

Quantos nós eram mesmo?
lembro que fiquei
com dor nos dedos
e você... ria um riso nervoso.

Estávamos na cozinha
e a agua do café
evaporava da chaleira.
havia acabado o açucar
lembra disso?
foi frustrante...queria um café

Lembro-me da ultima noite...
você virada para a parede
fazendo de conta que dormia
eu, por amar demais
acreditei na sua enxaqueca
lembra que te ofereci
um chá de cidreira?

Na manha desse dia
levantei-me mais cedo
antes de você.

Caído no chão, do bolso
do casaco seu...

Num prosaico pedaço de papel
de cor magenta... acho
sempre confundi
abóbora com magenta
sou daltônico...lembra?

Nele, uma prescrição
De altas doses de engano
uma frase:
- Diga da enxaqueca...
ele nunca saberá... nunca soube.

sou daltônico.
por amar demais
nunca me importei
se era abóbora
se era magenta...



 
Autor
PedroMG
Autor
 
Texto
Data
Leituras
869
Favoritos
1
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
16 pontos
2
3
1
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
Sergius Dizioli
Publicado: 08/04/2022 15:35  Atualizado: 08/04/2022 15:35
Administrador
Usuário desde: 14/08/2018
Localidade: काठमाडौं (Nepal)
Mensagens: 2241
 Re: Daltônico
Excelente. Uma combinação de instâncias primorosas, aliadas a uma sonoridade ímpar fazem desse poema um de meus favoritos. A história de uma decepção contada com sutileza e um quê de non-sense. A construção se aperfeiçoa pela inclusão de detalhes de observação que tornam tudo muito agradável de ler. Saudações.