O coração sofre. Alheio à ambivalência do contexto
Na sua fome de dias de glória, outrora sobre o zero
Enquanto os ponteiros dançam sua transcendência
O espaço fora do telúrico ensaia suas discrepâncias
Pelos prados, sou o barro vivo a metamorfosear-me
A seguir inefavelmente dissociado de qualquer eixo
Tal fosse um astronauta a descortinar o jamais visto
Qual se situa nas coordenadas entre o céu e o nada
Para cá, o rio toca a sinfonia da água se esgueirando
Entre as pedras, tudo maquiavelicamente conduzido
De inescrutável forma a causar os tão distintos sons
E o coração não lhes grava a diferença, apenas bate
Mergulha nas águas até crer que vai cessar de bater
Contudo, aflora à superfície solerte às novas perdas
Pois inda guarda os detritos da fé na face insultada
Extáticas memórias, no fragor de gestos de virtude
Ergo-me sobre meus pés, poder herdado desde a luz
Levo meus versos ao vértice na tangente do infinito
Entre pares descubro a mesquinhez e suas tecituras
Um terrível abismo remoto e sempre instransponível
Quando na escala de estrelas, vão se somando zeros
Vendo contingências imponderáveis, ilógicas e irreais
Torno-me impassível e orbito na delícia de perder-me
Desnudado, não maldigo ou abençoo, sou tão-só eu!