Poemas : 

Ferida Aberta

 
Tags:  paixão    cansaço    ferida    pressa    sufoco    Tempesta  
 
Naqueles dias corridos em que o tempo era escasso para os inúmeros compromissos e a multidão desenfreada esquecia, distraída, os enigmas singulares que o sussurro da criação pronunciava no vento, a mulher desconhecida reparava a ferida irreparável que a força de tantas horas de batalha sulcara em seu corpo.
Naqueles dias corridos, a pressa sufocava, a angústia aprisionava, o suor era de dor e a mulher resgatava as suas partes com a profundidade dos campos de acácias.
Reparava a ferida com o unguento da ternura de sua carícia cansada.
Nas mãos uma história rasgada pelo tempo.
No corpo a memória da raíz da paixão marcada pelos golpes ásperos da tempestade que dizimara sua seiva existencial.
No olhar uma espera do inabalável, da verdade que infunde o suceder de gestos que não se façam poeira na inquietude do relógio, no tumulto da cidade, nas palavras mecânicas.
Os simples gestos que no silêncio da valsa das acácias reconstroem um semblante outrora esquecido.
Gestos tão envoltos em verdade que os propósitos das palavras se tornarão menores ante a magnitude do sentir.

 
Autor
MelPimenta
 
Texto
Data
Leituras
634
Favoritos
1
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
14 pontos
2
2
1
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
ZeSilveiraDoBrasil
Publicado: 22/03/2022 14:39  Atualizado: 22/03/2022 14:45
Administrador
Usuário desde: 22/11/2018
Localidade: RIO - Brasil
Mensagens: 2215
 Re: Ferida Aberta
.
Tanto aqui à mostra, e tanto ainda a ser desvendado ao se deambular com parcimônia pelas entrelinhas... apesar de eu ter composto alguns sambas canção com lágrimas e feridas abertas, peco por não ser capaz de dissecar com precisão a dor de tanto sofreres e desamores... no seu texto vi que há!

Um abraço caRIOca!