Aqui, no silêncio do meu corpo, dormem os sonhos que antes davam fôlego à minha existência.
O silêncio escuro do dia abafa discretamente o dourado que a minha alma, um dia, exalava. A névoa da solidão assusta e o meu corpo, inerte, clama por mais chama.
Não tenho noção do quão longínquo paira esse dourado essencial que outrora foi companhia inquestionável e firme. Não tenho nem memória de como eram esses tempos pontilhados pela alegre sensação de viver. Não me recordo do que vi, do que aprendi, do que experienciei. Apenas sei que se fazia sentir o dourado do existir.
Hoje, rodeada da sombra do que fui, deixo cair a história na gaveta na expectativa que de novo, de mansinho, eu venha a reabri-la e do tesouro da ressurreição eu possa saborear delicada e suavemente como quem descortina a revelação da Vida.