Tudo em mim precisa reacender
a memória e
regressar ao teu nome.
Nunca é tarde demais
para reaprender o lugar suspenso
onde as esperas resistem. Luzes espelhadas
no rio
momentos de onde escorre um luar
intenso que também
te pertenceu.
Tudo em mim
é presença. Barcos que dormem
na limpidez do horizonte
que os sonhos tocam.
Habitam-me as folhas que piso
e o inverno prepara para a morte.
Tenho apenas versos brancos a procurarem
refúgio na luz crepuscular.
Tudo em mim são ruas sem rosto
onde os verbos adormecem
no corpo da tarde.
Tudo em mim precisa
aquietar a memória. O tempo
é um deserto.