no casulo da memória
tudo é tarde
a borboleta já não
veste as asas
a lagarta
coxeia de uma pata
e demora
a mudar
a forma
da alma
no ninho da vontade
as folhas
deixam
cair
palavras
só as ramas
da saudade
permanecem intactas
mesmo
castigadas pelos
relentos
do tempo
no berço do peito
o sentimento
espreguiça-se com a ingénua
bondade
de te fazer feliz
num incessante
renascer
de ti
antes do ventre
antes da pele
nesse cordão
que liga as mãos
ao coração