ALMA PENADA
Das valetas da vida de onde foi tirada...
Sombra deformada...
De braços longos e ossudos...
Pernas tortas...
Não me ralo e nem quero saber...
Andar desengonçado...
Sem reza forte mandei embora...
Mas insiste em aparecer...
Voz medonha...
Bicho feio de se ver...
Gemeu, rezou, gritou perdidamente...
Entre os vivos vaga indolente...
Achando ser gente...
Diz a Deus que é bom...
Apenas não compreendida...
Mas seu coração, se há...
É apenas uma latrina...
Professa ameaças a quem contradiz...
Interpreta uma perfeita atriz...
Mas é triste e sabe bem...
Só um enjeitado...
Uma concepção que deveria ter sido abortado...
Contaste tanta coisa à noite...
Que calada tudo ouviu...
Motivo de chacota...
Para quem sabe quem é e viu...
Algumas pessoas que o universo parece ter escolhido para tormentos especiais...
Desde sempre, essa tristeza...
E ela ainda me persegue...
Tendo a falsa certeza...
Tão encolhida em sua própria mente...
Arrumando pretextos...
Jurando vingança macabra...
Vá de retro satana...
Passe de largo alma penada...
Sandro Paschoal Nogueira
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