Não ir irei à guerra só para ter paz;
não matar irei, disso não sou capaz,
dou um escrito, um poema às balas,
pode ser que consiga pará-las...
Como cada um aqui dentro faz,
não sei. Mas como Gandi, que já jaz,
de andrajos, como rio, sem palas
serei capaz destas e muitas falas.
De chapadas, e não de vis espadas,
carecem certos ditadorzinhos,
a quem falta razão, e dedos de testa.
Na vida de ditaduras não há fadas,
mas que culpa têm os seus vizinhos?
Vivam a vida, a que a todos nos resta...
Sou fiel ao ardor,
amo esta espécie de verão
que de longe me vem morrer às mãos
e juro que ao fazer da palavra
morada do silêncio
não há outra razão.
Eugénio de Andrade
Saibam que agradeço todos os comentários.
Por regra, não respondo.
Este texto é um comentário ao Poema pacificante de LuAres, com um formato diferente, é certo, mas o pretendido.