A subordem de insetos denominados blattaria, cuja maior representação se concentra no asqueroso individuo que habita os lugares mais absurdos, sem que deles se abstraia qualquer evidência de simpatia, é, nada mais, nada menos que a popular barata. Desconhece-se quem a tenha em consideração, que se lhe dedique algum tipo de afetividade ou simpatia.
Qualquer que seja a pessoa, em suas condições normais de temperatura e pressão, associam uma barata sempre a um chinelo. Não há nada que uma barata possa acrescentar, a não ser asco: alguns se arrepiam de medo, repulsa, só de ouvir o nome: BARATA! Uma barata está sempre associada a doenças, possibilidade de infecção, falta de higiene. Certas línguas, as mais provectas, afirmam que elas mordem e sopram; não sei; mas, que voam, algumas ousam.
Aquela, específica, estava lá, calculadamente estacionada no centro da via pública, cofiando seus longos bigodes, alheia ao movimento quase inexistente do local. São de uma ligeireza incrível, teem uma capacidade enorme de se esconderem num buraco, numa fresta, sob uma proteção qualquer, imperceptível para o mais aguçado olhar humano. Mas, aquela estava lá, de olhão arregalado...
Não foi nenhuma surpresa que aquela mulherona, num corpanzil de cerca de metro e oitenta de envergadura, se estatificou no passeio e gritou pela irmã, a essa hora, descontraída à beira da fornalha no preparo do torresmo para o tira gosto. A “blattaria” estava lá, no meio da rua, estendendo-lhe as barbatanas, como a convidá-la, sem o menor receio de risco.
- “Chega aí, fulana! Tem uma barata aqui e eu não vou passar”, ao que o outro metro e oitenta de fulana, mais ou menos uns oitenta quilos, lá de dentro mesmo respondeu:
- “Chego nada, cê é doida, com esse bicho aí? vou não!”
O duelo de recados se estabeleceu na base do grito, entre os dois extremos da via, obstruída pela histórica incidência factual de mais de 300 milhões de anos de experiência, na significância daquele minúsculo corpo ovular reprimido.
Se por si, a situação era hilária, mais ainda se acentuou, quando alguém percebeu a cena e gritou:
“Querem que chame os bombeiros?”
Um bombeiro todo paramentado, de luvas, capacete, óculos de segurança, desce de uma viatura ainda se esguelando, um coador, uma pá, uma pinça, recolhe a barata, bem na via pública em socorro a dois contribuintes.
- Pode passar senhora, não há mais risco!
É isso, cada um é especialista em sua função!
Leia de Wagner M. Martins
FALA, FILHO DA MÃE!!! - Capa Paulo Vieira
UM BICHINHO À TOA. - Capa: Camilinho
Participação:
Livro OLHA PROCÊ VÊ! de Elias Rodrigues de Oliveira
No prelo:
UM INTRUSO NO QUINTAL