O poema do dia é de dor
A dor sempre será um triste tema.
Mas não vou rimar com amor
Esse meu novo metapoema.
Confesso que também terá humor
Humor cáustico e acústico
Que fará falar os mudos
E porá o ser sem luz no moedor.
Para seres sem luz
É mister ser meta
Seta opaca reta
Poeta, babaca e pateta.
Permita o poema para o trouxa
Ser esfingíco e galáctico
Filho feito na coxa
Não em leito nupcial,
Mas de uma maneira tal
Que nasce o idiota lunático.
A dor do parto e do partir
Não é mesma dor de dente
Que a gente sente ao dividir
O pão do poema do porvir.
O poema não tem remetente.
O poema não tem juízo.
Por mais que eu minta ou tente
O poema só me tem dado prejuízo.
O poema não tem cor.
O poema não tem vida
A vida que tem poema
Como tem ranço e rancor.
Hoje o poema é de dor.
Poema sem semente e sem sentido.
Poema que não merece ser lido.
Eterno poema "mio", sem sabor.
Lembrei-me daquele ator
Que dizia não haver Problema
Em parodiar aquele cantor
Ao qual esqueci o nome.
Não. Não tem explicação, não tem, não tem.
Tem dor que desatina sem doer,
Como diria aquele poeta luso,
E tem a dor daquele reptiliano obtuso
Que enche de dor quem o ouve e quem o... lê!
Gyl Ferrys