O relógio sobre a mesa anuncia que temos menos tempo
Menos tempo até que o barqueiro venha reclamar o seu
São menos beijos e mesmo despedidas, acenos e lástimas
Não pertencemos a quem amamos que não nos pertença
É algo de secreto que não podemos aquilatar. É da carne
Não se aventa de sermos ganhadores, é inerente ao soma
Assim como meus versos não vêm de qualquer dicionário
Antes correm nas veias em meio a fragmentos de meu ser
Sim o tempo passa e eu queria dizer menos das ausências
Mais dos afetos, desses dias sempre inquietos quais eu vi
Queria escrever cartas de amor, resíduos das lembranças
De tudo aquilo que fui arquivando nas gavetas do existir
A memória teima em expulsar nossos melhores momentos
No movimento vagaroso e inexorável de suas engrenagens
Talvez se possa abrir as cortinas, antes do silêncio chegar
Antes que inscientes de quem sou, disputem meu espólio
No peito tatuar um novo coração e uma rosa, rir sempre
Galopar numa campina imaginária e nunca deixar de amar