Poemas : 

O cheiro dos malmequeres

 






Com o cheiro dos malmequeres,
aprendi as coisas simples. Como
o choro, sem dor. O doce
das delícias. O desfolhar dos dias,
com o tempo das pétalas.

Aprendi que podia beber
o sol e a lua. Através do corpo.
Pelos dedos mornos da mãe.
Aprendi o interior do colo. O
lugar do cais, palmo a palmo.

Com o cheiro dos malmequeres,
aprendi o sabor da terra. Os sonhos.
Abrindo e fechando os olhos.
Para ver as nuvens, no fundo do poço.
Onde folhas navegam à tona,
levando as partidas,
para o domínio dos sentidos.

Aprendi, no baloiçar ao vento,
a liberdade. Nas sílabas, as asas,
caídas do céu. Unem terras
e mares, de olhos fechados.

Os malmequeres cheiram
à passagem efémera das coisas simples.
A pétalas, e
a menina.









Zita Viegas















 
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atizviegas68
 
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Enviado por Tópico
Sergius Dizioli
Publicado: 11/02/2022 18:11  Atualizado: 11/02/2022 18:11
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Mensagens: 2241
 Re: O cheiro dos malmequeres
Um clássico tanto na beleza quanto na construção. Inovar sem fazer novidades. Usando da forma clássica o poema traz beleza e delicadeza e, ao mesmo tempo, criatividade ímpares.
Gostei bastante. Cumprimento-a, poetisa, pelo belo escrito. Saudações.


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 23/02/2022 11:24  Atualizado: 23/02/2022 11:41
 Que a paz reine entre nós
( A Oeste nada de novo) A paz reina entre nós

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