OS ACIDENTES DA MENTE
Com macaquinhos no sótão, padeço
de desorientação e melancolia.
A mente, feito um computador,
roda uma infinda verificação cíclica de erros… Não consigo pensar n’outra coisa!
Obcecado, revejo os mínimos detalhes d’aqueles dias:
o telefonema, a ambiguidade, a ruptura e o controverso retorno.
Horas e horas n’isso.
…………………………
Preciso aceitar o Universo com suas tragédias inerentes:
Tudo muda, mas permanece como antes.
A casca de ferida que se finge a pele anterior ao trauma, tentando apagar o que passou como se nunca tivesse acontecido.
Mas aconteceu!
………………………….
Mente que mente parvamente!
Ilusão de autoengano pós-desengano!
Com que fé posso ressuscitar esse cadáver?!
Amor incondicional?!
Um pulo no escuro já contando com fraturas.
Uma escolha temerária e cega aos factos recentes.
Só me resta esperar
um câncer, um sinistro ou mesmo a redenção prometida aos que amam,
enquanto se caminha à beira do abismo passional: omissões, mentiras, autorrepressões — viver em negação para viver positivamente!
Quem se importa?
Betim - 21 01 2021
Ubi caritas est vera
Deus ibi est.