A mão do tempo de alguma forma murchou as ilusões
Murchou as flores que te colhi e não quiseste cuidar
A tristeza na alma do poeta, a enchente de angústias
Na dor sombria e erma, a distância aguda que criaste
Tua voz ausente pelos cantos, despovoados da ilusão
A flor outrora íntima e cheirosa que renasce espinho
O último consolo cai, tal qual folhas secas e amarelas
A noite arrasta seu manto, verte o derradeiro pranto
A aurora já se debruça sobre os montes e cora o céu
O cansaço da noite indormida, irá ocupar os espaços
Estrelas vadias, uma a uma, retiram-se com os sonhos
Mas tua lembrança, esse trágico devaneio, me inspira
A seguir-me radiosa fazendo verter pares de lágrimas
Minh’alma deserta ambiciona a paz para dias futuros
A luz inoportuna do dia lembra que a faina não cessa
E o amor que a tudo preenchia, doce, foi só miragem