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Dilúvio

 
Do sol abençoado à seca crestante, qual a distância
Que impede a colheita ressecada e o terreno estéril
Da dádiva da água na terra exausta à chuva diluvial
Há morte que a tudo arrasta inteiro em seu caminho
Não cheia de cólera, mas de reações a (des)humanos
Filhos do pecado de não respeitar a essência da vida
O desmate, as queimadas, as usinas e os automóveis
Montanhas e planícies tornar-se-ão mar diz a canção
Diz que também que o mesmo mar se faria um sertão
Mas em vão, a mãe atônita, estreita seu filho ao seio
Enquanto a enxurrada arrastava tudo que construiu
Pelas vias o clamor é uníssono que a terra vai acabar
Não há outra arca, sem nódoas, que resgate a todos
Senão parar de lançar carbono óxido pela atmosfera
Os jornais exploram as mazelas, angústias e lamentos
Entanto os homens ignoram cones de ventos alígeros
Deixando cicatrizes onde passam, divindade em fúria
O planeta implora novo olhar um pensar mais humano
Ou o metal da ganância é que cobrirá nossos túmulos



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Autor
Sergius Dizioli
 
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Enviado por Tópico
Upanhaca
Publicado: 05/02/2022 01:15  Atualizado: 05/02/2022 01:15
Usuário desde: 21/01/2015
Localidade: Lisboa/loures
Mensagens: 8483
 Re: Dilúvio
Bela reflexão. Pois, o ser humano cava sua própria sepultura, desafiando o poder da natureza.

Abraço!
Upanhaca