Enviado por | Tópico |
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Rogério Beça | Publicado: 03/02/2022 17:47 Atualizado: 07/02/2022 05:43 |
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Re: ... e eu
Acho muito bem feita a construção do poema, com duas estrofes que fazem a definição de suas personagens: o sujeito poético, na forma do "... e eu..." que dá o título e um tu, uma personagem secundária com relevo de personagem principal.
A metáfora do rio, como definição do ser humano é um clássico relativamente pouco difundido. Assim como a vida, ele nasce na fonte, tem um curso com um leito e detritos, e tem uma foz que pode ser o mar, na maioria das vezes, mas pode ser um lago, ou outro rio. Cabeça, tronco e membros. E como o Homem, ele é passageiro, como diz o segundo verso tão bem. Os dois últimos versos da primeira estrofe começam a estabelecer a relação com o sujeito poético, e há nos "...destroços..." alguma aspereza e desagrado. Ou apenas a referência a algo transformador para o sujeito poético, sendo que o "...em mim...", com que essa estrofe termina, duma relação de intimidade, aparentemente, bastante profunda, em que a "...saudade..." é impossível de ignorar. Mas a segunda estrofe, que identifica o sujeito poético, tem o encanto de o definir como parte do rio (um: eu sou uma parte de ti). Mas estranhamente, como todos os rios têm duas margens, ao definir-se como uma das margens, põe-se o leitor em suspenso pensando em quem, ou o que, será a outra "...margem...". E os "...destroços..." voltam a estar em cima da mesa. As "...saudades..." da primeira e as "...lembranças..." na segunda estrofe trazem uma complementaridade assinalável e dimensionam um poema de dor para um nível maior. Obrigado pela leitura abraço |
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Enviado por | Tópico |
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visitante | Publicado: 03/02/2022 23:27 Atualizado: 21/09/2022 17:10 |
Re: ... e eu
Um leito a procura de suas águas onde trai de si, amantes sentimentos
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