Não me deixe só, aqui nessas gavetas... Rodeado de ideias, fantasias Querendo um espaço e sua atenção! Tão sozinho aqui dentro desse móvel E entregue às baratas, moscas e cismas À base de toda essa naftalina Que me entorpece e alimenta ilusões! Essa gaveta e o vasto mundo aí fora... Necessitado de mais poesia... E eu aqui entre esse calhamaço e chulé! Não me deixem só para essas gavetas Que conhecem até minhas cuecas Como essas cortinas, meu solilóquio! Mas talvez eu não seja um bom poeta... O mundo é bem maior que essa gaveta Sei que tem muitos outros por aí! Um móvel tão simples pra tantos sonhos...! Apesar das ideias, é tão escuro E silencioso apesar das letras! Falo e escrevo sozinho ou para Deus! Não posso ficar só para as gavetas... Ainda tem o resto da mobília Daqui e de outras casas querendo amor! Uma poesia merece o mundo Com suas tão belas letras, ensaios Rascunhos, rabiscos ou como for!