Até onde a vista alcança
Do lado esquerdo de mim
A terra está seca e rachada.
De suas entranhas emerge
Uma vegetação enegrecida
Quebradiça e morta.
Perambulando aqui e ali
Buscando um veio, uma poça
Ainda que suja de agua
Bois e cavalos... ossos a vista
Caminhando... caminhando... morrendo.
Não chove no Vale.
No Jequitinhonha, a vida escorre
Pelos vãos da terra ressecada.
Viro a cabeça... olho agora
O amortecido lado direito de mim
Nele, um rio, antes caudaloso e vibrante
Hoje, um difuso filete de agua suja
Estrangulado aqui...quebrado ali
Sem vida, sem cor... sem jeito de rio.
Bancos de areias malcheirosas proliferam
Tornam feia uma paisagem dantes bela.
Os peixes chamados “nhonha” não mais há.
Os pescadores agora buscam os bancos nas praças
Amarraram nos galhos secos as canoas
Esconderam as tralhas de pesca nos buracos
Das taipas de madeira das cabanas
Olham esperançosos para um céu de nuvens claras
Baixam os olhos alguns... choram
Sem lágrimas porém... as lágrimas
Como o rio... secaram...secaram.