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Jequitinhonha seco

 
Até onde a vista alcança

Do lado esquerdo de mim

A terra está seca e rachada.

De suas entranhas emerge

Uma vegetação enegrecida

Quebradiça e morta.

Perambulando aqui e ali

Buscando um veio, uma poça

Ainda que suja de agua

Bois e cavalos... ossos a vista

Caminhando... caminhando... morrendo.

Não chove no Vale.

No Jequitinhonha, a vida escorre

Pelos vãos da terra ressecada.



Viro a cabeça... olho agora

O amortecido lado direito de mim

Nele, um rio, antes caudaloso e vibrante

Hoje, um difuso filete de agua suja

Estrangulado aqui...quebrado ali

Sem vida, sem cor... sem jeito de rio.

Bancos de areias malcheirosas proliferam

Tornam feia uma paisagem dantes bela.

Os peixes chamados “nhonha” não mais há.

Os pescadores agora buscam os bancos nas praças

Amarraram nos galhos secos as canoas

Esconderam as tralhas de pesca nos buracos

Das taipas de madeira das cabanas

Olham esperançosos para um céu de nuvens claras

Baixam os olhos alguns... choram

Sem lágrimas porém... as lágrimas

Como o rio... secaram...secaram.

 
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PedroMG
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