Uma fúria ardente e oculta arde em mim, chama persistente
Sob o olhar da amplidão, bordando estrelas ao som da noite
Coração rasgado à espera do amanhecer chegando infalível
E, minha alma de poeta desejou escrever um poema de amor
Desejo efêmero, não há flores e a angustia brilha, majestosa
Empunho a espada, pois não quero este mundo sem margens
Que raro. O que eu vejo? Seria cômico se não fosse essa dor
Vejo gente fria e sem raízes, beijos sem lábios, belezas aflitas
Estradas entre rochas estéreis que a solidão sombria conduz
Copos cheios, cabeças vazias, a janela que dá para a avenida
Mostra passantes indiferentes cujo sangue não é rubro, mas
Cinza de sentimentos inférteis resultando na incompreensão
De buscar pelo mais fácil, do receio de ter que receber nãos
Do receio de dizer sim. Mas minha escada sempre leva acima
Nunca será tarde, apesar que não espero ninguém que já foi
O grito que o vento da noite carrega, diz que o sonho existe
Poeta, o que te punge? Os versos também brotam do oblívio
O poema se cala, dominado na emboscada da palavra escrita