Poemas : 

o rótulo da rótula

 
algures entre a tíbia e o fémur, e cruzados ligamentos. a ida, o regresso. a idade. na fina linha que separa a cobardia e a submissão, a dobra reta, do joelho no chão. primeira parte do passo. se liga, então bronze, ou aço. começo. em cento e oitenta graus há só o túmulo, cova escura. nem mais um degrau. o movimento define, definha. a corrida é a multiplicação do joelho. reflexão e rextensão. espelho em que se pensa. há que correr, dependendo duma necessidade específica; ou correr, simplesmente, por correr. a patela, estranho escudo, leve, rosto móvel, moldura. no menisco, o risco. arriscar, remover e acrescentar. estranha coragem, volúpia. até no assento há um acento circunflexo, um ângulo qualquer que não se esgota. alguém.


Sou fiel ao ardor,
amo esta espécie de verão
que de longe me vem morrer às mãos
e juro que ao fazer da palavra
morada do silêncio
não há outra razão.

Eugénio de Andrade

Saibam que agradeço todos os comentários.
Por regra, não respondo.

 
Autor
Rogério Beça
 
Texto
Data
Leituras
556
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
8 pontos
2
3
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 25/01/2022 13:58  Atualizado: 25/01/2022 13:58
 Re: o Rótulo da Rótula
...

Pelo costume imaginei a morte num ângulo de 180 graus, mas gosto de quebrar regras ou fugir para imaginação.
Uma linha geralmente é deitada, mas o ponto de referência é a linha do meu corpo em pé.
Seus poemas ficaram sem letras maiúsculas como se estivessem todas deitadas.

Gostei do poema e da imagem.
Abraço!


* desculpas, eu sei que seu poema é mais profundo.

Enviado por Tópico
Migueljaco
Publicado: 25/01/2022 21:34  Atualizado: 25/01/2022 21:34
Colaborador
Usuário desde: 23/06/2011
Localidade: Taubaté SP
Mensagens: 10200
 Re: o Rótulo da Rótula
Boa tarde Rogério Beça, a vida vai nos agregando dificuldades para realizarmos pequenos gestos, parabéns pelos vossos incisivos versos, um abraço, MJ.