A brisa quando sonha quem a leva
Quebranta o sol do mundo em dois em dois
Deixa uma trinca triste no depois
No sofrimento desde Adão com Eva.
Se o sonho do seu útero que espera
O filho de um futuro equidistante
A luz solar revela em seu semblante
Que o medo que transforma, regenera.
E quando o sol de gelo em primavera
Fazer a rocha vil mudar de cor
Pelo jardim da lua um beija-flor
Aguarda retornar a besta fera.
Quando surgir um vulto em tal caverna
Platão perecerá em seu saber
Em sombras que um Fausto faz gemer
Druidas, Mefistófeles etcetera.
E assim angeliciais augustos versos
Tecem manhãs de galos cabralinos
Castros negreiros versos nordestinos
Homéricos dilemas submersos.
Rosa do Guimarães e de Pessoa
Daquele que cantou a pobre Ismália
De um Dante destruído na Itália
Que a tradução indígena destoa.
E descortina a calma e os instantes
Revelações de pássaros divinos
Que o Homem é o mesmo Pai e o mesmo Filho
Que o tudo e o nunca mais é como dantes.
E neste instante já agora e aqui
Eu findo este poema sem canção.
Quem não tiver moinhos, meu irmão,
Jamais será Quixote de Dali.
Gyl Ferrys