Poemas : 

A memória das árvores

 

Todos os meus dias regresso
ao arvoredo onde guardo as tuas mãos.

O tempo suspende-me os olhos
nos nomes que se esfumam perto
da linha noturna do entorpecimento
dos ossos

quando o sangue quer atravessar
todas as sílabas
de todas as palavras límpidas

e clarear a serenidade das vozes.

E a vastidão deste silêncio azul parece
estender os braços
à força mobilizadora das águas.

Não fora esta lonjura por dentro
das veias
e eu diria que

como se fossem um ínfimo
grão de pó

por entre os dedos me rolariam todas as pedras
atravessadas por sombras e imagens indecifráveis.




 
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maria.ana
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