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Rogério Beça | Publicado: 13/01/2022 09:18 Atualizado: 14/01/2022 08:53 |
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Re: Mar vermelho
Quase sempre é impossível dissociar o título do texto.
A relação é múltipla. Pode ser um verso, pode ser um resumo, pode ser o princípio, ou a continuação, etc... Neste poema, acho que se aplica o último caso. É fácil perder a conta aos poemas que escrevemos. Ao decidir "...apagar todos os meus poemas de amor..." o sujeito poético, aparentemente, quer apagar os sinais de um amor específico. E como a desilusão tantas vezes provoca, talvez o próprio amor em si, quer-se esfumado, devido à dor que o fim de um amor leva. O amor passa-se todo na cabeça, nos sentimentos e pensamentos que sabemos que o cérebro estrutura, mas a taquicárdia do enamoramento e a angina de peito (quando a coisa é séria) leva-nos a aceitar que aquele músculo que se encontra no mediastino o porta. O facto de um borrão ter a dimensão do mar, traz uma visão do infinito muito clara e a metáfora serve muito bem. A ironia de tudo isto é que o poema contradiz-se, pois, apesar do sujeito poético ter decidido "...apagar do papel..." o amor, este é um poema de amor cheio de força. Abraço irmã |