Aquele vizinho intrigava Joana. Sentia-se atraída pelo seu tipo físico, mas não era num atleta. Ela sempre gostou de homens magros e miudos, de óculos, tipo intelectual. Ele saía todas as manhas com seu café fumegando, terno impecável e sempre sorria ao cumprimentá-la, com aquele sorriso de "homem-novela". Joana era uma solteira assumida. Gostava da sua liberdade de ir e vir sem precisar fazer almoço na hora certa, ou ouvir alguma crítica das coisas espalhadas para casa. Mas, aquele vizinho a intrigava, e ela até se imaginava com ele na sala, ambos agarradinhos no sofá curtindo um Netflix. Até que o dia tao esperado aconteceu! Cruzou com ele na garagem e ele a convidou para jantar em seu apartamento.
Chegou na hora marcada e, ao abrir a porta ouviu uma musica suave de fundo, sentiu um aroma delicioso no ar e admirou a mesa arrumada com duas taças de vinho. Ela tentou ajudá -lo, e comecou a lavar uma loucinha e ele logo a interrompeu: “Não! Essa louça eu deixo primeiro de molho. Pode deixar aí!" Ela sorriu se dirigindo a uma cadeira de canto, estofada, e sentou com sua taça de vinho. E logo ouviu sua voz: “Nao! Essa cadeira era da vovó , sente-se aqui!”.
Jantar pronto! Ele determinou seu lugar e Joana sentou-se, tirando o guardanapo e colocando-o em seu colo. Ele deu um sorrisinho e disse: “Ah!, antes do guardanapo no colo, a oração!”. Bom, ate que aquela parte foi bonita, mas ela ja estava sentindo vontade de sair porta afora. A noite terminou com uma sobremesa somente para ela, pois, ele disse que tinha colesterol alto. Na despedida tentou beijá-la, mas a química não estava certa. Havia falta de dopamina e oxitocina - com excesso de chatice.
Joana atravessou o corredor e sentiu uma felicidade incomparável quando abriu a porta e entrou no seu mundo. Olhou para sua sala desarrumada, jogou os sapatos para cima e pensou: "Nem se fosse o Brad Pitt!".
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