Abraça-me
Quando os jardins florirem e exalarem seu perfume,
quando os pássaros migrarem aos pares e aos milhares,
quando só restar tu e eu, e o silêncio sussurrar entre nós
o motivo.
Abraça-me, quando os teus sentidos me buscarem,
quando em ti a minha ausência gritar mais alto,
quando a vontade te inundar de mim...
Abraça-me, deixa o molde dos teus braços no meu corpo,
desenha em sussurro o meu nome dentro dos meus sentidos,
pinta uma paleta de cores nos meus olhos, e leva- me a ver
o arco- íris dentro dos teus.
Abraça-me, quando não tiveres mais tempo, quando todos
se forem, quando me olhares sem me veres, quando
te esqueceres de me olhar e o cansaço for como um intruso
impiedoso.
Abraça-me sem tempo, colmata todas as esperas, aniquila
as saudades, fá-lo sem demora mesmo num breve instante,
entre uma vertigem, por entre o silêncio e chora, chora, chora
a minha ausência porque parti.
(Alice Vaz de Barros)
Alice Vaz De Barros