Hoje há muitas pessoas que vivem um mundo virtual
Com isso dizem estar sempre perto de quem se quer
Mas o gosto de sua saudade tem um gosto de perda
Uma imagem que se esquiva, nos labirintos do sentir
No mundo dos amores inventados e desilusões reais
Nada é tangível, nada tem hálito, nada é perfumado
Um mundo sem olhares, sem abraços ou sem mágica
Onde tempo e espaço se confundem em uma só dor
Sou um amante natural e sujeito a tantas tentações
Sou corpo vivo caminhando por sonhos e abandonos
Num doce sofrimento táctil de querer e ser querido
E as ausências que sinto têm forma, não são mentira
O aqui e o agora não são falsos, assim como o poema
Posso pensá-lo, reescrevê-lo, sentir seu cheiro e som
As emoções no mundo real, não são arremedos vãos
Nem são geometrias ou álgebras artificiais de silício
Tudo no mundo virtual se faz estático ou inanimado
Posso ouvir sua voz, não posso sentir-lhe a vibração
Mesmo que eu guarde na memória tua doce imagem
Nem posso imaginar o calor num arremedo de verão
Versos e palavras vivem nas verdades mais tangíveis
Ainda sou do ver para crer. Tocar. Tocar para crer
Dos frutos da terra, do calor que ela traz ao corpo.
O amor pede tato, gosto, não uma tela fria e alheia
Pede entrega, tem fome, quer tudo em seu domínio