Eu bebi à farta
num dia apenas banal
que o diabo atiçou à loucura
e num pestanejar
anoiteceu a fúria e a raiva
até aos estilhaços do sangue
que o silêncio da voz guarda
em lençóis de angústia.
Amanheci sem alarido
havia um sol meigo em céu aberto.
Nada de novo na monotonia
uma líquida desconsolação
fustigava a memória
que não sentia.
Bebi de novo sem tréguas
o vinho das bruxarias
e transloucado adormeci
à sombra de um silêncio frio
como quem pariu um naufrágio
onde não havia mar!...